As diferentes bases textuais da Bíblia e suas implicações para a interpretação


A Bíblia é uma biblioteca com diversos ângulos, que pode ser interpretada de diferentes maneiras. As bases textuais da Bíblia fornecem um fundamento sólido para o estudo e a compreensão da palavra de Deus, mas é importante também levar em consideração outras fontes de informação e perspectivas distintas.


Não existe um método de tradução "perfeito". Cada método tem suas vantagens e desvantagens.

A escolha do método de tradução depende do público-alvo e do propósito da tradução.


A manuscritologia bíblica ou crítica textual da Bíblia, outrora chamada de baixa crítica, é a ciência que classifica, compara e estuda os manuscritos antigos da Bíblia (Antigo e Novo Testamento) para determinação do texto mais exato ou mais antigo possível, apresentando ao final uma reprodução do texto corrigido e um aparato crítico com um conjunto exaustivo ou não de variantes principais.

Em crítica textual, o termo "crítica" tem o sentido de "separar e avaliar" os diferentes materiais de análise segundo alguns critérios científicos. É, por conseguinte, um exame ou avaliação minuciosa do conteúdo destes materiais.

Bases Textuais da Bíblia:

A escolha da base textual é uma das decisões mais importantes na tradução da Bíblia.

Cada base textual tem suas vantagens e desvantagens.

Basicamente, as traduções da Bíblia se dividem em duas bases textuais: o Texto Crítico e o Texto Tradicional

A abordagem ou preferência centrada no eixo textual da Bíblia influencia diretamente na sua linguagem e interpretação.

A primeira base se chama: Texto Crítico ou Minoritário.

São pergaminhos do Novo Testamento que começaram a surgir na história a partir de 1950.

Recentemente descobertos e encontrados em bons estados, são documentos considerados por alguns estudiosos como mais antigos que os de Texto Tradicional. Alguns teólogos chegam a julgar como mais fiéis.

Uma curiosidade: É chamado de texto minoritário ou texto eclético por ser baseado fundamentalmente na minoria dos manuscritos do Novo Testamento atualmente existentes.

Segunda base se chama: Texto Tradicional ou Receptus.

São pergaminhos mais utilizados pelo Cristianismo ao longo dos séculos, servido como base para a maioria das traduções.

O termo "textus receptus" ou "texto recebido" foi usado pela primeira vez por Erasmo de Roterdam em 1516 para se referir ao texto grego do Novo Testamento que ele havia compilado e publicado.

O nome foi aceito e amplamente utilizado na Europa durante a Reforma Protestante, sendo popularizado até os dias atuais. 

O Textus receptus era baseado em manuscritos bizantinos, que eram a tradução textual dominante na igreja oriental desde o século IV.

A partir do século XVI, o textus receptus se tornou a base para a maioria das traduções da Bíblia para as línguas vernáculas (particulares) até o século XIX, incluindo a Bíblia King James em inglês.

O Textus Receptus guarda grande semelhança ao Texto Majoritário, por isso às vezes são chamados como se fossem o mesmo texto. Porém, há algumas poucas diferenças entre eles.

O nível de interpretação varia entre as diferentes equivalências de traduções. Pois, além dessas duas bases textuais, existem também 5 principais métodos de tradução.

1. Tradução Literal: Essa versão traduz palavra por palavra, prioriza ordem e significado literal do texto original. Ex.: as versões de bíblias interlineares.

2. Tradução Formal: Essa versão valoriza a forma e estrutura do texto original, prioriza o significado mais comum das palavras. Ex.: Bíblia ACF e ARC.

3. Tradução Funcional: Essa tem foco no significado, sem comprometer a estrutura original. Equilíbrio entre formalidade e dinamismo. Ex.: A versão ARA e NAA.

4. Tradução Dinâmica: Prioriza o significado para o leitor contemporâneo, permite mais liberdade para paráfrase. Ex.: NVI e NVT.

5.  Paráfrase: Essa dá ênfase na mensagem interpretada pelos tradutores mais do que a tradução literal do texto. Ex.: A bíblia, A Mensagem e a Bíblia Viva.

A classificação de traduções não é uma ciência, mas uma arte (às vezes bem pessoal). Para alguns, a NTLH é realmente dinâmica, ao passo que NVI e NVT seriam funcionais.

Contudo, interpretação está presente em todas as traduções. 

As versões diferem no grau de interpretação. Cada uma incorpora descrição em diferentes níveis, refletindo a complexidade intrínseca da narrativa. Por exemplo:

Interlineares interpretam ao usar palavras em português para termos gregos, seguindo seu sentido original. Paráfrases interpretam mais, traduções dinâmicas interpretam um pouco, traduções formais interpretam quando necessário.

Em resumo:

▪️Tradução Literal: Foca na palavra por palavra, priorizando o significado direto.

▪️Tradução Formal: Valoriza a estrutura original, mas permite ajustes para clareza.

▪️Tradução Funcional: Prioriza o significado, mantendo a forma original sempre que possível.


▪️Tradução Dinâmica: Adapta o texto para ser compreensível ao leitor atual.


▪️Paráfrases: Interpreta a mensagem, oferecendo uma versão mais livre do texto original.

Por fim, toda tradução envolve interpretação.

Traduzir sem interpretar é impossível!

Lembre-se: a escolha da tradução depende do seu objetivo, estudo aprofundado, leitura devocional, etc.

O meu conselho é que você consulte diferentes traduções para ter uma visão mais completa do texto bíblico.


Fontes Adicionais:

Introdução à Crítica Textual do Novo Testamento

— Bruce M. Metzger

O Texto do Novo Testamento

— Kurt Aland e Barbara Aland

A Bíblia e seus Manuscritos

— Pheme Perkins

A Tradução da Bíblia

— Robert L. Thomas

A Crítica Textual e a Interpretação da Bíblia

— Moisés Silva

O Texto Crítico e o Texto Tradicional: Uma Comparação — D. A. Carson

Dicas sobre crítica textual

— Marcelo Berti

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